quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Jejuando

Para a Igreja Católica, o jejum realizado no período que se estende da quarta-feira de Cinzas até a Páscoa (a Quaresma) tem como motivo preparar o fiel para a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Ao jejum se somam a oração e a esmola como meios para verdadeiramente se ouvir a Palavra de Deus.

No que diz respeito a exercer plenamente meu papel como católico, eu sempre deixei a desejar. Há algum tempo, por exemplo, não assisto a uma missa, mesmo considerando isso importante e ainda que eu me sinta verdadeiramente bem nelas. Outras prioridades, no entanto, e também uma boa dose de preguiça (pecado capital) me conduzem semanalmente para longe da casa de Deus.

Quanto à esmola, tenho tentado transformá-la em um hábito na vida, ajudando mensalmente a quatro instituições sociais: Pastoral da Criança, GRAAC, Fundação Gol de Letra e AACD. Sinto, porém, em meu coração, que ainda deixo a desejar bastante também nesse ponto, tanto financeiramente como em ações (esmola é mais do que só doar dinheiro, afinal).

No que diz respeito ao jejum, no entanto, há alguns anos observo a orientação católica.

Sigo o jejum na Quaresma como uma forma de desenvolver minha capacidade de entrega e desprendimento. Ficamos às vezes tão acostumados aos prazeres mundanos que nos esquecemos do que realmente deveria ser considerado o mais importante, como respeitar a todos, praticar a caridade e a solidariedade.

Costumeiramente, durante o ano cedo a boa parte das minhas próprias vontades, sejam elas luxuriosas (prazeres da vida) ou não. Agora sou pai e constituí uma família. Minha filha tem um quarto montado, um bom plano de saúde e uma família que tem tempo e dedicação para ela. Nossa casa tem todos os bens necessários e alguns a mais. Temos carro, viajamos sempre que possível.

Isso é muito bacana e legal. Mais importante do que ter tudo o que se precisa, porém, é amar e fazer as coisas com respeito e honradez. É não ficar insensível às injustiças do mundo, é saber compartilhar, é amar ao próximo, não ter preconceitos e saber dar valor à família e às pequenas coisas.

Quando jejuo - nesse ano não consumirei carne de vaca e de porco, bebidas alcoólicas e doces - não o faço apenas porque é uma orientação religiosa, mas também para me lembrar que esses produtos que deixarei de consumir por um determinado período, e que adoro, não são o que realmente me fazem falta, e que o essencial é a verdadeira entrega à família e ao amor para com a vida e para com os outros.

E é justamente por isso também que a Quaresma não é feita só de jejum, mas também de oração e esmola. É um pequeno período da minha vida, que me recorda ser humano e frágil e que me faz lembrar que o mundo não gira em torno de mim. É um sacrifício, e tem um significado e importância muito maior do que apenas deixar de comer e beber.

2 comentários:

  1. Não sou religiosa e nem sigo prática alguma, Jp. Mas eu amei o seu texto, principalmente a parte em que deixamos de lado o que gostamos pra saber que isso não é o mais importante!

    Fiz isso no começo do ano - fiquei quase 1 mês sem consumir carne vermelha/porco e refrigerantes! amei a experiência! e pretendo repetir!

    beijos!

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  2. Após esta confissão vem…

    a penitência (40 dias e 40 noites sem beber vinho nem comer docinhos....). Será que maiores de 65 anos somos isentos de penitência?

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